sábado, 6 de novembro de 2010

Partilha ...


Colegas,

partilho com vocês um texto que escrevi para um curso que estou a fazer em Lisboa, na Universidade. Resultou da leitura de vários textos, incluindo os da RBE. Aqui vai ele:


A Sociedade da Informação em que vivemos implica uma procura contínua do conhecimento em múltiplos suportes que se estende ao longo da vida (“long life literacy”), de cada indivíduo (Dudziak, 2003), num universo global em que a relação do homem com o tempo, conhecimento e trabalho se transformou. A literacia da informação, enquanto conceito inerente às práticas dessa Sociedade de Informação, surgiu há mais de três décadas, nos Estados Unidos, no universo das bibliotecas universitárias, associado ao desenvolvimento das TIC. Sem se desligar, no entanto, das outras literacias : a da leitura, a digital, a visual e a científica, por exemplo, a literacia da informação permite assim trabalhá-las, de forma implícita (Einsenberg et al, 2004) e, por isso, ao longo do tempo, tem apresentado um sentido difuso (Livro Verde para a Sociedade de Informação em Portugal, MSI, 1997).

Apesar de muitos pedagogos apontarem o final do século XIX como a data ligada ao seu nascimento, com a pesquisa bibliográfica nas bibliotecas, no âmbito da Biblioteconomia, só a partir dos anos setenta, foi definida como uma competência, uma ferramenta essencial (Lancaster 1970; Dudziak, 2003) no longo caminho da Sociedade do Conhecimento, na procura da “ fluência em informação” (Callison, 2003; Gibson & Woodard, 2007), devendo ser experimentada desde o início da escolarização de cada indivíduo, como parte do currículo.

A primeira vez que o conjunto de termos foi usado com o sentido que tem hoje é atribuído a Zurkowski (1974). No final da década de oitenta (1988), a AASL, um braço da ALA, durante o National Forum on Information Literacy (NFIL) foi unânime em aceitar a seguinte definição: “Information literacy is the ability to access, evaluate, and foi use information from a variety of sources” que surgiu na sequência da definição das Metas educacionais norte-americanas (Doyle, 1992). Nas duas últimas décadas, apareceram novas definições, por toda a Europa, Austrália e Canadá, que pouco alteraram o primeiro significado (Virkus, 2003). Neste período, alguns países Europeus como a Finlândia, a Suécia ou o Reino Unido, desenvolveram acções similares, de clarificação das metas educativas, tendo em conta este conceito. Em Portugal aguarda-se pela definição das metas educativas nos vários ciclos de ensino, em conformidade com o que foi definido pelo parecer do Conselho Nacional de Educação (parecer nº 5/2010), na sequência da Conferência Ibero-Americana dos ministros da educação (2009) que estabeleceu as Metas Educativas 2021.

A década de 90 iniciou-se com a preocupação mundial focalizada no problema da iliteracia universal (UNESCO), objectivando-se como uma década de concentração de esforços para reduzir a iliteracia (em Portugal, o esforço terá ser maior, como se pode verificar após os resultados dos Relatórios PISA, desde 2000, ou do relatório da Reading Literacy, da OCDE). Têm surgido várias iniciativas e projectos por toda a Europa, incluindo Portugal, envolvendo universidades e bibliotecários, no sentido de disseminar boas práticas e modelos de literacia eficazes para um público cada vez mais diferenciado. Assiste-se assim a uma espécie de pedagogia de literacia da informação, com a implementação de diversos modelos de literacia. Existem ainda alguns estudos teóricos (tardios) em Portugal sobre a temática, realçando o papel da biblioteca escolar do Ensino Básico e/ou Universitário, neste domínio (Lopes & Pinto, (s/data); Tomé, 2008; Mendinhos, 2009)), mas pouco se sabe sobre experiências pedagógicas fiáveis, implementadas em sala de aula no 1º, 2º e 3º ciclos.

Na última década, a RBE tem procurado, em Portugal, disseminar a informação sobre a literacia da informação, nas escolas básicas e secundárias, especialmente a emanada pela IFLA (2006). Algumas universidades de todo o mundo, a UNESCO, a IFLA e a RBE apresentaram patamares (“standards”) da literacia como forma de avaliação das competências em literacia da informação, ainda que direccionadas inicialmente para o ensino universitário (à excepção da RBE que a direccionou para as Escolas Básicas e Secundárias).

Em termos psicológicos, defende-se o princípio da ‘prática situada’ da literacia fundamentada, amplamente difundida na teoria sociocultural da aprendizagem, baseada nos postulados de Vygotsky (1995), tendo em conta as teorias de Bandura e de Goleman; em termos didácticos e pedagógicos é notória a presença da taxonomia de Bloom, da recente taxonomia de Marzano e da “aprendizagem baseada em problemas”.

Observação: este texto foi escrito em Setembro/2010, antes das Metas Educativas terem saído.

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